Seguindo Viagem - (Anzol)

Nunca pensei em você como marido, como amante, amásio, ou sei lá o nome que se dá aos que resolvem assumir seu caso. Por isso que te nomeei meu "companheiro de viagem". 
E, essa nossa viagem se tornou longa; desde 22/10/1978 estamos na mesma estrada, compartilhando becos, avenidas, atalhos, ruas ou alamedas, trilhas que nos foram impostas pelo destino. 
Por vezes tentamos cortar o caminho e nos perdemos, porém em breve espaço de tempo lá estávamos nós, seguindo juntos, nos amparando, fazendo planos e acima de tudo amando nossos filhos, tentando lhes ensinar que o melhor da vida é viver. É ser o que somos, é assumir todas as nossas forças e fraquezas, aceitar nossas diferenças. 
Sabemos que essa nossa união nasceu de amores fracassados, da carência de cada um. 
Jamais colocamos o dedo nessas feridas, deixamos assim e esperamos que cicatrizassem, fomos nos tornando cada vez mais um "casal". Também sempre soubemos que não temos "aquele" grande amor um pelo outro, temos sim, respeito, admiração, carinho e cuidados. Nunca houve traição de minha parte, mesmo com o filho free-lance que tive, já que separados não há traição. 
Aprendi que devemos nos respeitar a partir do momento que dividimos o mesmo teto, o mesmo prato, a vida. Se algum dia tivemos discussões e houve a separação, foi sempre buscando o melhor para cada um. 
Hoje olhando o que passou vi o muito que caminhamos, no quanto de estradas que conhecemos, as chuvas, acampamentos e até a fome que passamos, tudo que repartimos e o muito que conseguimos. Não temos muitos bens materiais, mas temos o respeito dos que nos conhecem e o carinho de nossos filhos e filhas, que dizem querer viver assim como vivemos, livres de preconceitos e felizes, dentro daquilo que nos foi dado pela vida e que tentamos lapidar . 
Quanto ao amor, acho que já passamos da fase de tentar nos fazer amar, aceitamos nossos fracassos do coração e somos felizes assim. Sem príncipes, sapos ou princesas em nossas vidas, apenas um homem e uma mulher. Pai, mãe e agora avós. 
Enfim, não posso dizer que somos iguais a grande maioria ou que somos como qualquer outro casal, desses que casam como mandam as leis... Somos diferentes, pois nossa vida foi feita em cima dos cacos que juntamos e colamos, assim os pedacinhos de nós dois se fundiram em um só. 
Se eu pudesse escolher  quem amar e ter em minha vida (isso não posso escolher, esta dentro de mim) escolheria você, pois aprendi a gostar, respeitar e admirar. 
Hoje separados e procurando outros rumos ainda continuamos a caminhar  de mãos dadas, somos confidentes em nossas amarguras e solidão.
Eu não sei se a isso que repartimos se dá o nome de amizade ou de companheirismo. 
Ouvi dizer que algumas pessoas chamam de "Amor Incondicional".
E, esse amor não é para qualquer um.
Obrigada por tê-lo dado a mim.
(28 / 12 / 2005)

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